Não há nada muito conclusivo sobre tendinopatia, mas existem algumas verdades inalienáveis que você deve saber como profissional da saúde. (as referências abaixo provam elas).
Então, vamos direto às verdades:
1) A tendinopatia não melhora com o repouso
A dor pode se acalmar se o paciente colocar gelo várias vezes ao dia ou ainda ficar com a área afetada para cima, evitando qualquer inchaço.
Contudo, independente disso, o retorno à atividade geralmente é doloroso porque o repouso não faz nada para aumentar a tolerância do tendão à carga e amplitude de movimento.
2) NÃO há boas evidências de que essas lesões sejam causadas por inflamação.
Existem alguns bioquímicos inflamatórios envolvidos, portanto, algumas vezes, os anti-inflamatórios têm sua função, mas também podem não ser úteis em outros momentos.
Há evidências crescentes de que os AINEs (Anti-inflamatórios não-esteroides) podem realmente desacelerar o processo de recuperação.
Por exemplo, um estudo de 2013 publicado na PubMed Central, constatou que as injeções de diclofenaco e corticosteróide realmente diminuíram a taxa de crescimento de novas células tendíneas em camundongos. Um estudo mais antigo de 2004, descobriu que o ibuprofeno teve um efeito semelhante nas células do tendão de aquiles em camundongos.
3) A tendinopatia pode ser causada por muitos fatores de risco diferentes.
O principal fator é o uso excessivo ou simplesmente muito frequente de certas atividades. Elas incluem:
- Aquelas que exigem que o tendão armazene energia (ou seja, caminhar, correr, pular)
- Cargas que comprimem o tendão.
Algumas pessoas estão predispostas por causa da biomecânica (por exemplo, força, etc) ou fatores sistêmicos (por exemplo, idade, menopausa, colesterol elevado, etc.). Pessoas predispostas podem desenvolver dor no tendão com mudanças sutis em sua atividade.
4) O exercício é o melhor tratamento baseado em evidências para tendinopatia
Os tendões precisam ser carregados progressivamente para que possam desenvolver maior tolerância às cargas que um indivíduo precisa suportar no dia-a-dia. Na grande maioria dos casos, a tendinopatia não melhora sem esse estímulo de carga vital.
Existem várias técnicas e exercícios que um fisioterapeuta pode usar para tratar tendinopatia, mas as duas mais comuns e eficientes incluem:
- Massagem com fricção transversal profunda: uma massagem do tecido conjuntivo que pode ajudar a estimular a atividade celular e gerar novas fibras de colágeno.
- Exercícios excêntricos, que forçam os músculos a alongar enquanto contraem, em vez de encurta-los contraindo.
5) A modificação da carga é importante na resolução da dor no tendão.
Isso geralmente envolve a redução (pelo menos a curto prazo) da carga abusiva do tendão, que envolve armazenamento e compressão de energia.
Isso é auto-explicativo e básico, por isso está aqui entre as verdades.
6) A patologia na imagem do exame NÃO é igual à dor
A patologia é comum em pessoas sem dor. Além disso, se o paciente foi informado de que tem “patologia grave” ou mesmo “gotas”, isso NÃO significa necessariamente que ele não ficará melhor ou terá um resultado ruim.
Também sabemos que, mesmo com o tratamento melhor intencionado (exercícios, injeções, etc.), a patologia provavelmente não se reverterá (como geralmente dos casos nos apontam).
Portanto, a maioria dos tratamentos tem como objetivo melhorar a dor e a função, em vez de curar os tecidos, embora isso ainda seja uma consideração.
7) A tendinopatia raramente melhora a longo prazo apenas com tratamentos passivos.
Exemplos destes são:
- Massagem comum;
- Ultra-som terapêutico;
- Injeções;
- Terapia por ondas de choque;
- E etc.
O exercício é geralmente o ingrediente vital e os tratamentos passivos são coadjuvantes.
Múltiplas injeções, em particular, devem ser evitadas, pois, isso geralmente está associado a um resultado pior.
Os únicos tratamentos que apontam ser eficientes no curto prazo (segundo Brett M. Andres MD, e George A. C. Murrell, MD, Dphil, julho 2008) são:
- Escleroterapia: é a injeção de um produto químico para produzir cicatrizes nos vasos sanguíneos. A ideia é fechar minúsculos vasos sanguíneos e destruir fibras nervosas que se formam na área danificada.
- Emplastro de óxido nítrico: ele tem um potencial para cicatrização de tendões. Um adesivo colocado sobre a pele fornece uma enzima que atua como um mensageiro químico para fornecer alívio da dor.
8) O exercício precisa ser individualizado.
Isso se baseia na apresentação de dor e função do indivíduo. Deve haver um aumento progressivo da carga para permitir a restauração da função do movimento, respeitando a dor sempre.
9) Você precisa saber identificar em qual fase da lesão o tendão está para decidir o melhor caminho.
1. Tendinopatia reativa:
- Fase normal de adaptação tecidual
- Prognóstico: Excelente.
- Recuperação normal!
2. Degradação do tendão:
- Taxa de lesões > Taxa de reparo.
- Prognóstico: Bom.
- O tecido do tendão está tentando curar.
É vital que você evite a deterioração e a progressão para a morte celular permanente (fase 3).
3. Tendinopatia Degenerativa:
- A morte celular ocorre
- Prognóstico: Pobre!
- As células dos tendões estão morrendo!
4. Rasgo ou ruptura do tendão:
- Quebra catastrófica do tecido
- Perda de função.
- Prognóstico: muito ruim.
- A cirurgia é frequentemente a única opção.
10) A tendinopatia responde lentamente ao exercício.
Você precisa ter paciência e passar isso para o seu paciente ou aluno. Sua função é garantir que o exercício esteja correto e progredir adequadamente, resistindo à tentação comum de pegar “atalhos”, como injeções e cirurgias. Na maioria das vezes não há atalhos.
O LPF vem sendo muito utilizado no portfólio de trabalho de profissionais da saúde, tanto para a prevenção como no tratamento de tendinopatias . O método treina e reabilita a fáscia através do movimento excêntrico leve e continuo no tecido.
Sendo assim , possui em seu programa posturas que estimulam com muita eficácia a LE (linha espiral) e a LPA ( linha profunda anterior) . Sabemos que quando estes trilhos estão debilitados outros trilhos precisam exercer suas funções . Com isso, são sobrecarregados e assim surgem as tendinopatias entre outras patologias . O LPF traz resultados muito satisfatórios pois vai agir na causa-raiz do problema, colocando todo o sistema em equilíbrio e aliviando as estruturas sobrecarregadas .
IMPORTANTE: observe que estes são princípios gerais e há casos em que tratamentos alternativos ou mais invasivos, incluindo injeções e cirurgia, são indicados no tratamento da tendinopatia.
REFERÊNCIAS
- Abate M, Gravare-Silbernagel K, Siljeholm C, et al .: Patogênese de tendinopatias: inflamação ou degeneração? Pesquisa e Terapia de Artrite. 2009, 11: 235.
- Cook J, Purdam C: A carga compressiva é um fator no desenvolvimento de tendinopatia? British Journal of Sports Medicine. 2012, 46: 163-168.
- Littlewood C, Malliaras P, Bateman M, et al .: O sistema nervoso central – uma consideração adicional em ‘tendinopatia do manguito rotador’ e uma base potencial para entender a resposta ao exercício terapêutico carregado. Terapia manual. 2013.
- Malliaras P, Barton CJ, Reeves ND, Langberg H: Aquiles e Programas de Carregamento de Tendinopatia Patelar. Medicina Esportiva. 2013: 1-20.
- Brett M. Andres MD, and George A. C. Murrell, MD, Dphil. Treatment of Tendinopathy. In Clinical Orthopaedics and Related Research. July 2008. Vol. 466. No. 7. Pp. 1539-1554.